quarta-feira, outubro 08, 2008

expectativas

há uns tempos apercebi-me que tudo gira em volta do ego. sim, tudo. não é o sexo ou o dinheiro ou o quer que seja que move as pessoas, mas sempre o ego. essas outras "necessidades" (chamo-lhe propositadamente assim), em última análise, reconduzem-se ao ego, são manietadas por este.
nos últimos dias tenho-me apercebido da força das expectativas que criamos sobre a intensidade dos sentimentos e daquilo que isso acarreta. ou seja, o próprio amor ou paixão ou amizade são, claramente, conformados pela intensidade das expectativas criadas. posso ter uma relação de anos com alguém e se as expectativas investidas não forem muitas, a correlativa intensidade de um sentimento de perda pode, por exemplo, até ser até menor numa relação que dura há parcos meses, visto nesta as expectativas criadas (independentemente da razão) terem sido massivas. obviamente que existem outras condicionantes que podem fazer variar a intensidade de sentimentos criados em virtude de tais relações. porém, o decisivo reside, efectivamente, nas expectativas.
se isto parece óbvio, a verdade é que,na prática, não lhe atribuímos o devido valor.

3 comentários:

R. disse...

Não gosto de expectativas. Aliás, odeio-as. Aliás, uma das piores perguntas que me podem fazer é precisamente acerca das “minhas expectativas sobre isto ou aquilo”. Não se trata de qualquer dificuldade em assumir ou defender uma opinião, um juízo ou um pensamento…não! Se o fundamento da nossa expectativa se baseia no nosso modo de ser, na nossa personalidade, na nossa razão, vontade, sentimento, enfim, no nosso “eu”, como pode alguém entender as minhas expectativas e vice-versa? Que sentido têm as frases “As expectativas foram superadas ou ficaram aquém do suposto”? Se eu não compreender a expectativa de um terceiro, no fundo, não significa isso, que eu gostaria que pensasse como eu?! As expectativas são mensuráveis? A minha expectativa tem mais valor do que a tua? Não acho que as expectativas sejam decisivas. Pessoalmente, não tendo a criar expectativas sobre nada. Seria como viver em suspenso, sob a égide de uma condição suspensiva. Eu quero os efeitos na hora, os imediatos e os futuros, sejam eles bons ou maus. E eles não são fruto de expectativas, mas antes de actos ou a falta dos mesmos. E o melhor que me podem fazer é não terem expectativas em relação a mim. Apanhar uma desilusão ou um encantamento não podem estar dependentes do investimento de expectativas, mas apenas e só do que é real. Para mim, exageradamente céptica e racional, só podem estar dependentes do que conscientemente sei ter feito e sentido e dos meus cinco sentidos.
Para mim expectativa é ilusão. Apenas e só. Enfim, não gosto de expectativas.

Jorge Oppenheim disse...

sim, as expectativas são ilusão. mas, infelizmente estão fora do alcance do racional. todos criamos expectativas, mesmo que não queiramos ou não nos apercebamos. o problema é esse. é algo que foge à razão. aliás, é muito mais forte...

amelinha disse...

é uma das minhas metas. controlar a expectativa. reduzir-lhe importância, reletivizar, retirar-lhe a ansiedade que cria e a pressão que põe sobre todos os acontecimentos. Não quer dizer que não deseje. Não quer dizer que não planeie, mas o objectivo é não colocar os resultados de um desejo, de uma investida, de uma acção como o bom de tudo. O bom é fazer. não estar feito.

mas é dificil.