Distinguem-se em Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes sempre foram tutsis, num contexto de rivalidade étnica agravada com o tempo devido à escassez de terras e à fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e o Ruanda perdeu 40% de sua renda com exportação. Nesta época, o país enfrentou sua maior crise alimentícia dos últimos 50 anos, e ao mesmo tempo aumentava os gastos militares em detrimento a investimentos em infra-estrutura e serviços públicos.
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país por hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com o Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz, o Acordo de Arusha.
Cria-se no Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994 as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês entre arengas e ânimos à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM) dirigida pelas facções hutus mais extremas. Estas mensagens incidiam nas diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, ao passo que o conflito avança, os apelos à confrontação e à "caça do tutsi" tornaram-se mais explícitos, designadamente desde o mês de abril, em que se fez circular o boato de a minoria tutsi planejar um genocídio contra os hutus.
O genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o FMI sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio no Ruanda - uma das nações mais pobres da terra - com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro do Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete disse que ela estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".
Em Abril de 1994 a morte num atentado ao avião do presidente Juvenal Habyarimana e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje Congo). Em Agosto de 1995 tropas do Zaire tentam expulsar estes refugiados para o Ruanda. Catorze mil pessoas são devolvidas ao Ruanda, enquanto que outras 150.000 se refugiam nas montanhas. Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
Talvez nunca se venha a saber quantos mortos provocou. Calcula-se entre 800.000 e 1.000.000. Se foram 800.000 equivaleriam aos 11 por cento do total da população e 4/5 dos tutsis que viviam no país. Tão pouco se sabe quantas vítimas provocou a vingança tutsi. Embora se fale do "outro genocídio", parece que não é absolutamente comparável. (wikipédia)
7,5/10
Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país por hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com o Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz, o Acordo de Arusha.
Cria-se no Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis.
Em 1994 as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês entre arengas e ânimos à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM) dirigida pelas facções hutus mais extremas. Estas mensagens incidiam nas diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, ao passo que o conflito avança, os apelos à confrontação e à "caça do tutsi" tornaram-se mais explícitos, designadamente desde o mês de abril, em que se fez circular o boato de a minoria tutsi planejar um genocídio contra os hutus.
O genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o FMI sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio no Ruanda - uma das nações mais pobres da terra - com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.
Segundo Melvern, o primeiro-ministro do Ruanda, Jean Kambanda, revelou que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra de gabinete disse que ela estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".
Em Abril de 1994 a morte num atentado ao avião do presidente Juvenal Habyarimana e o avanço da Frente Patriótica Ruandesa produziu uma série de massacres no país contra os tutsis, e causou um deslocamento maciço de pessoas para campos de refugiados situados na fronteira com os países vizinhos, em especial o Zaire (hoje Congo). Em Agosto de 1995 tropas do Zaire tentam expulsar estes refugiados para o Ruanda. Catorze mil pessoas são devolvidas ao Ruanda, enquanto que outras 150.000 se refugiam nas montanhas. Mais de 500.000 pessoas foram assassinadas e quase cada uma das mulheres que sobreviveram ao genocídio foram violentadas. Muitos dos 5.000 meninos nascidos dessas violações foram assassinados.
Talvez nunca se venha a saber quantos mortos provocou. Calcula-se entre 800.000 e 1.000.000. Se foram 800.000 equivaleriam aos 11 por cento do total da população e 4/5 dos tutsis que viviam no país. Tão pouco se sabe quantas vítimas provocou a vingança tutsi. Embora se fale do "outro genocídio", parece que não é absolutamente comparável. (wikipédia)
7,5/10
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